Com os beat ‘em ups começando a ganhar cada vez mais admiradores, em 1987 a Taito Corporation buscou uma forma de conquistar uma fatia daquele mercado e para isso lançou para os fliperamas um jogo chamado The Ninja Warriors. O título nunca chegou a fazer tanto sucesso quanto outros do mesmo estilo, até que em 1994 a Natsume desenvolvesse uma continuação para o Super Nintendo e foi então que tive meu primeiro contato com aqueles ciborgues.
Com personagens que ocupavam boa parte da tela, cenários cheios de detalhes e uma jogabilidade divertida, lembro de o jogo ter sido bastante falado nas locadoras, que quase sempre tinham um ou outro sujeito pagando por hora para tentar chegar ao seu final.
Contando com uma mecânica um pouco mais simples do que a vista em títulos como Final Fight ou Streets of Rage, nele não podíamos mover os nossos personagens para cima ou para baixo pela tela, com a progressão sendo exclusivamente lateral. Essa característica poderia ser apontada por alguns como um ponto negativo, mas no fim das contas servia para o diferenciar dos demais e ainda permitia que o jogo contasse com uma série de golpes e combos mais elaborados.
O povo oprimido? Liberem as máquinas!
Com seu enredo se passando num futuro não muito distante distante, The Ninja Warriors falava sobre um ditador que se autointitulava Banglar the Tyrant e que comandava um exército formado por humanos, mutantes e robôs. Com o seu reinado tendo durado por décadas, um grupo de rebeldes decidiu que estava na hora de revidar, mas isso não seria fácil.
Incapazes de fazer frente ao vilão com as armas que tinham, eles dão início a um plano que lhes serveria como a última cartada: enviar um trio de ciborgues inspirados em ninjas em uma missão cujo objetivo seria explodir o quartel-general de Banglar.
Como pode ver, a história possui a mesma profundidade e originalidade de qualquer filme de luta da década de 80, servindo apenas como motivação para descermos o braço em tudo o que cruzar o nosso caminho e sendo uma boa desculpa para controlarmos robôs dignos de assustar qualquer Dragão Branco.
O (inesperado) retorno de um clássico
Por se tratar de um título sem tanto apelo e que praticamente não inovava, acho que jamais esperaria vê-lo sendo relançado, ainda mais como uma remasterização. Mas foi justamente isso o que aconteceu recentemente, com a Natsume e a Taito tendo se unido novamente para trazer ao PlayStation 4 e ao Nintendo Switch o The Ninja Saviors: Return of the Warriors.
Produzida por diversos profissionais que trabalharam na criação do original, esta versão tenta manter muito da magia que nos agradou no SNES, mas tomando a liberdade de implementar algumas mudanças e até melhorias. A primeira a ser notada é na parte visual, já que agora além de contarmos com suporte a telas widescreen, também teremos cenários e personagens com mais detalhes.
Outra novidade que deverá ser comemorada por muita gente é o fato de finalmente duas pessoas poderem jogar ao mesmo tempo. Embora seja algo comum e que ajuda a tornar os beat ‘em ups ainda mais divertidos, o The Ninja Warriors não nos dava esta opção e felizmente a equipe responsável pelo jogo percebeu que esta era uma falha que precisava ser corrigida.
Além disso, The Ninja Saviors: Return of the Warriors ainda traz dois novos personagens que poderão ser desbloqueados, a ninja conhecida como Yaksha e que conta com braços que esticam; e o shinobi brutamontes de nome Raiden. Para jogar com eles, basta terminar o jogo no nível de dificuldade normal e depois no difícil.
Uma dificuldade mais branda
Como faz muitos anos que não volto ao jogo lançado para o antigo console da Nintendo, não consigo lembrar se ele era muito difícil, mas em se tratando do The Ninja Saviors: Return of the Warriors, posso dizer que o game é bastante acessível. Talvez aqueles que não tenham muita afinidade com beat ‘em ups sofram um pouco, mas para quem cresceu torrando dinheiro nos fliperamas, dá pra progredir nele sem muitos problemas.
Com uma boa dose de itens para recuperar a energia, itens espalhados pelos cenários que servirão como armas e inimigos que geralmente não apresentam muita resistência, passar pelos estágios (oito no total) sem perder muitas vidas é algo possível e mesmo que elas se esgotem, fique tranquilo pois os continues são infinitos.
Isso, é claro, se não estivermos encarando o nível hard, mas como boa parte das pessoas só deverão se aventurar nele depois de ter chegado ao final normal, a experiência adquirida anteriormente deverá ajudar a prever os movimentos dos adversários e a desenvolver reflexos mais apurados.
Uma remasterização sem muitas mudanças
Mas assim como acontece em quase toda remasterização/remake, o que muitos procuram saber é se esta nova versão vale a pena. Pois a resposta mais simples para esta pergunta é… depende! Por um lado o The Ninja Saviors: Return of the Warriors é um remaster honesto, que mantêm tudo o que nos agradava no original e ainda traz ajustes muito bons — e até mesmo necessários.
Por outro, se você esperava um The Ninja Warriors cheio de conteúdo adicional e que pudesse fazer com que os maiores fãs encontrassem motivo para revisitá-lo, poderá se decepcionar. Por mais que seja compreensível o gasto que novos estágios poderiam levar à produção, é inaceitável não termos nem mesmo um museu com entrevistas, artes conceituais ou curiosidades sobre o jogo.
A expectativa é para que um possível sucesso comercial deste relançamento faça com que a Taito se interesse por lançar uma verdadeira continuação, um The Ninja Saviors 2 que expandisse o universo da franquia e trouxesse algo realmente novo. Mas como bom saudosista que sou, de preferência mantendo os gráficos pixelados e a jogabilidade 2D. Quem sabe um dia?