Conhecido como um dos mais influentes escritores do século XX, a mitologia criada por H.P. Lovecraft tem sido explorada incansavelmente nos últimos anos. Porém, no meio de tantos filmes, livros e jogos inspirados no trabalho do americano, poucos conseguiram representar seu universo de maneira tão precisa quanto o RPG Stygian: Reign of the Old Ones.
No jogo estaremos em Arkham, uma cidade que foi completamente transformada após o Dia Negro. Foi nesta data em que os antigos deuses se ergueram, fazendo com que a sociedade como era conhecida deixasse de existir e o terror passasse a se tornar comum na vida daquelas pessoas que se viram aprisionadas entre duas realidades.
Antes de iniciar a aventura por aquele assustador lugar teremos que criar o nosso personagem e é aí que temos o primeiro contato com uma das principais característica do game: a maneira como ele tenta recriar uma experiência de RPG de tabuleiro.
Nos oferecendo uma boa quantidade de arquétipos para serem escolhidos e nos deixando selecionar até a crença do personagem, Stygian: Reign of the Old Ones brilha principalmente por nos dar um nível de liberdade que não costuma ser visto na maioria dos jogos.
Também vale mencionar o belo trabalho feito na parte visual do game, com os gráficos pintados a mão encaixando perfeitamente com a proposta e ajudando a tornar a atmosfera ainda mais pesada. É o tipo de visual que prova que um jogo não precisa ter gráficos realista para chamar a nossa atenção, nem uma visão em primeira pessoa para nos entregar uma boa imersão.
Já na parte da jogabilidade temos pontos tantos positivos quanto negativos para serem citados. Por um lado gostei de as batalhas acontecerem por turno, o que serve para aproximar a experiência do que temos num RPG mais tradicional. Mas por outro, elas nunca conseguem ser muito interessantes e o pior, este é um título com um ritmo mais lento e que infelizmente peca pela repetição.
Stygian: Reign of the Old Ones é portanto uma ótima opção para quem procura um jogo repleto de textos, com um enredo cercado por mistérios e alguns personagens interessantes que encontraremos pelo caminho. É muito legal ver como o protagonista vai perdendo a sanidade com o passar do tempo e a maneira como podemos direcionar os diálogos de acordo com as perguntas e comentários que fazemos durante as conversas.
Ele pode não ser um jogo muito original, possuindo alguns problemas principalmente na maneira lenta como evolui, mas que acerta ao aproveitar corretamente uma das mitologias mais interessantes já criadas e por fugir da já batida temática fantasia medieval. Os fãs do autor deverão adorar a proposta e por incrível que pareça, o estúdio não teve medo nem de incluir no roteiro a abordagem racista típica do Lovecraft.