Langrisser I & II

Embora goste bastante de RPGs e de jogos de estratégia, eu não posso dizer que sou um grande conhecedor dos títulos que misturam esses dois estilos. Foi por isso que vi com grande expectativa o lançamento do Langrisser I & II, um pacote que remasteriza os dois primeiros capítulos de uma franquia não tão conhecida pelos ocidentais.

Lançado em 1991 para o Mega Drive e PC Engine com o nome Langrisser: The Descendants of Light (ou Warsong nos EUA), o jogo contava a história de Ledin, um príncipe cujo reino foi invadido pelo Império Dalsis. Após fugir dos inimigos, o jovem precisa organizar um exército para recuperar sua casa, mas logo ele descobre que o problema é muito maior do que poderia imaginar.

Sendo a típica história do bem contra o mal, aquele jogo agradou muitas pessoas por contar com um enredo interessante; por nos apresentar a uma grande quantidade de personagens, cada um com suas próprias histórias e motivações; mas também por oferecer um nível de estratégia profundo, mas ao mesmo tempo acessível.

Três anos depois foi a vez de uma continuação, esta lançada apenas no Japão e aparecendo também no Super Nintendo. Continuando a história que havia sido contada no anterior, Langrisser II tinha como grande diferencial o fato do enredo ser moldado de acordo com as nossas ações, com o protagonista podendo se aliar a uma das três facções disponíveis.

Porém, mesmo sendo uma das franquia com longo histórico e bastante respeitada, eu só a conhecia por nome. Na época do Mega Drive eu costumava testar tudo o que encontrava nas locadoras, mas não tenho recordação de um dia ter jogado o Warsong. Pois para a minha sorte, esse relançamento me permitiu corrigir essa falha.

Um retorno mais do que bem-vindo

Produzido pela Chara-ani Corporation e distribuído pela NIS America para PC, PlayStation 4 e Nintendo Switch, Langrisser I & II não é apenas um relançamento dos clássicos. Aqueles que os experimentarem terão acesso a uma séries de novidades interessantes, a começar pela inédita localização do segundo título para inglês.

Além disso, a parte visual de ambos os jogos foi totalmente refeita, com os gráficos agora parecendo desenhos animados. É verdade que a coletânea nos dá a opção de encarar os títulos com a aparência original, mas o trabalho de recriação foi muito bem realizado ao trazer para os dias atuais jogos com mais de 20 anos.

Os responsáveis pelo game ainda aproveitaram para adicionar mais conteúdo aos títulos, fazendo com que ao longo das duas campanhas possamos controlar 33 personagens e customizar 50 classes. Ao todo serão 22 finais possíveis, com mais de 550 personagens cruzando o nosso caminho enquanto jogamos.

Os sinais da idade

Contudo, mesmo com o evidente esforço da desenvolvedora em atualizar os jogos, alguns detalhes deixam claro se tratar de títulos criados há mais de duas décadas. Um desses pontos são os enredos, que apesar de nos manterem entretidos por todas as duas campanhas, são rasos e sem muitas reviravoltas. O que salva é o fato de podermos explorar múltiplos caminhos, aumentando assim o fator replay dos jogos.

Outro problema está no quão repetitivo o Langrisser I & II pode ser tornar para alguns. Além de mapas que podem parecer muito entre si, o fato do jogo contar com um sistema de mercenários costuma fazer com que as batalhas fiquem muito povoadas, com as animações de batalhas sendo repetidas exaustivamente. Por sorte essas animações podem ser evitadas.

Ou seja, como acontece com outros RPGs estratégicos, especialmente os da virada da década de 80 para a de 90, o ritmo aqui tende a ser mais lento e até mesmo frustrante.

Uma viagem no tempo, com cara nova

Se você é o tipo de pessoa que gosta de bolar estratégias e ver o seu grupo se tornar uma grande força militar, Langrisser I & II é uma coletânea que poderá lhe entreter por algumas dezenas de horas.

No entanto, o grande mérito deste relançamento está mesmo em permitir que um público novo tenha contato com dois ótimos títulos. Talvez fosse melhor se os responsáveis desenvolvessem melhor os enredos ou fizessem algumas adaptações na jogabilidade, tornando ambos os jogos mais atraente para as pessoas que se acostumaram a jogar RPGs estratégicos mais modernos.

Por outro lado, manter a essência dos originais não chega a ser algo ruim e aqueles que os jogaram provavelmente ficarão felizes por poder revisitar esses clássicos com uma nova aparência.

http://www.vidadegamer.com.br
Pai em tempo integral do pequeno Nicolas, enquanto se divide escrevendo para o Meio Bit Games e Vida de Gamer, tenta encontrar um tempinho para aproveitar algumas das suas paixões, os filmes, os quadrinhos, o futebol e os videogames. Acredita que um dia conseguirá jogar todos os games da sua coleção.