Total War: Rome Remastered

Para mim, começar um jogo de estratégia sempre será considerado uma viagem sem volta. A capacidade que esses títulos possuem de me prender é algo impressionante, com eles sempre me passando a sensação de que, assim que os abro, o tempo começa a passar numa velocidade muito maior do que o normal. Mesmo assim, e até por nunca ter jogado o original, eu estava curioso para saber como o Total War: Rome Remastered tinha ficado.

Lançado originalmente em 2004, a criação da The Creative Assembly foi o terceiro capítulo da série e conquistou a admiração tanto da crítica quanto do público ao nos transportar para 270 DC, permitindo acompanharmos da ascensão à queda do império romano. Nos colocando para  escolher uma das três facções disponíveis no início da campanha, o jogo misturava trechos em tempo real com estratégia por turnos, onde precisávamos gerenciar a economia, diplomacia e aspectos militares para termos sucesso.

Mas mesmo com todas as qualidades que aquele título nos trouxe e por mais que ele permanecesse sendo adorado pelos saudosistas, quase duas décadas é muito tempo na indústria de games e isso fica evidente ao iniciarmos uma campanha no Total War: Rome Remastered. Aliás, talvez o detalhe que mais devemos prestar atenção neste relançamento é a palavra “Remastered” que ele recebeu em seu título, já que isso significa que não veremos grandes mudanças nesta versão.

Sim, Total War: Rome Remastered pode rodar em todo o esplendor do 4K, contando ainda com algumas melhorias na iluminação, nas texturas (especialmente se instalarmos o pacote de melhorias gráficas) e com uma nova interface que torna todas as informações muito mais claras. Porém, assim que entramos na primeira batalha ficará bem claro que, por mais que o pessoal da Feral Interactive tenha se esforçado, o título não consegue chegar perto da beleza visual vista nos capítulos mais recentes da franquia.

Contudo, uma área em que os jogos de estratégia evoluíram muito desde a primeira metade dos anos 2000 foi na inteligência artificial e isso fica ainda mais explícito ao experimentarmos essa remasterização. Nela é relativamente fácil enganarmos os adversários controlados pelo computador, com eles poucas vezes tomando iniciativas que nos colocarão em uma situação delicada e que funcionem como armadilhas.

Para quem está começando no mundo dos Total War, esta “simplicidade” pode funcionar como um ponto positivo, mas a partir do momento em que você está familiarizado com o comportamento mais natural da inteligência artificial dos títulos mais novos, é difícil olhar para esse relançamento e não ficar incomodado.

Pois esta simplicidade também acaba sendo vista nos campos de batalha, onde temos confrontos sendo travados entre uma quantidade menor de unidades únicas e as lutas normalmente sendo resolvidas em tempos mais curtos que o padrão atualmente. Por um lado isso também pode ser visto como algo bom, já que com tantas coisas para fazermos no dia a dia, muitas vezes só queremos testar nossas habilidades estratégicas sem muita enrolação.

Isso, no entanto, não quer dizer que falte conteúdo ao Total War: Rome Remastered, afinal, além da campanha principal ainda temos acesso às expansão dedicada às invasões bárbaras e outra a Alexandre, o Grande; além de uma cópia do jogo original, para aqueles que quiserem aproveitar ao máximo a nostalgia. No total, o jogo pode render facilmente dezenas de horas de diversão, sem falar é claro no modo multiplayer, onde a jogatina pode ser infinita e na possibilidade da remasterização vir a receber modificações com o passar do tempo.

Ou seja, Total War: Rome Remastered inegavelmente é um trabalho muito bem feito, que respeita o material base e o aperfeiçoa em diversos aspectos. Para quem sempre gostou do original ou tinha curiosidade de conhecer um dos pontos mais altos da série, não existe maneira melhor de experimentar essa oportunidade de se aventurar pela história e de poder assumir o controle de um dos impérios mais importantes que passaram pela Terra.

Porém, se você procura um jogo com uma jogabilidade mais moderna, gráficos de ponta e uma inteligência artificial mais desafiadora, o recomendado seria dar uma chance aos capítulos mais recentes, como o Total War: Three Kingdoms, o Total War: Warhammer II, o Total War: Attila ou até mesmo o Total War: Rome II, que mesmo tendo sido lançado há oito anos, conta com uma estrutura muito mais próxima do que temos hoje em dia quando se trata de jogos de estratégia.

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Pai em tempo integral do pequeno Nicolas, enquanto se divide escrevendo para o Meio Bit Games e Vida de Gamer, tenta encontrar um tempinho para aproveitar algumas das suas paixões, os filmes, os quadrinhos, o futebol e os videogames. Acredita que um dia conseguirá jogar todos os games da sua coleção.