Assim como muitas pessoas da minha geração, eu cresci jogando shoot ‘em ups, os famosos “jogos de navinha”. Isso fez com que eu adquirisse um carinho especial pelo gênero, especialmente pelos de progressão horizontal. Então, quando tomei conhecimento de um jogo chamado Remote Life, fiquei empolgado para experimentá-lo.

Remote Life

Lançado originalmente para o PC em 2019, por algum motivo ele passou despercebido por mim durante todo esse tempo. A situação só mudaria nos últimos dias, quando assisti o trailer que divulgava a sua chegada aos consoles. Impressionado pela sua parte visual, resolvi lhe dar uma chance.

Como de costume, a história de Remote Life se passa no futuro, quando a humanidade enfim conseguiu colonizar o espaço. Enquanto seguíamos avançando pelo cosmos, uma enorme nave alienígena surgiu, destruindo tudo o que encontrava pelo caminho e seguindo em direção à Terra.

Como enfrentar aquela ameaça da maneira tradicional seria quase impossível, as pessoas responsáveis pela nossa segurança bolam um plano inacreditável: teletransportar uma nave de ataque para dentro do inimigo, na esperança de que ela possa destruir o transporte dos alienígenas a partir do seu interior.

Para ser sincero, não será o enredo que nos manterá motivado a seguir adiante na missão suicida, mas sim a interessante jogabilidade entregue pelo título desenvolvido pelo game designer Mario Malagrino, além do bom nível de dificuldade.

Quanto a jogabilidade, o que mais me agradou foi a mistura de SHMUP tradicional com Twin Stick Shooter. Ou seja, isso significa que enquanto movemos nossa nave com o analógico esquerdo, poderemos mirar em qualquer direção usando a alavanca direita. Isso permite uma liberdade muito maior de ações, com o jogador precisando prestar atenção nos ataques que partirão de todos os lados.

Outra implementação interessante se deu no sistema de armas. Basicamente, no jogo contaremos com três opções: Tipo A, com disparos lineares e oferecendo maior precisão; Tipo B, com disparos espalhados e capazes de acertar mais alvos; e o Tipo C, que embora seja mais forte, tem pouca precisão.

Porém, um dos aspectos mais legais dos shoot ‘em ups são as armas que eles têm a nos oferecer e apenas três certamente frustraria muita gente. Então, Malagrino recorreu a um dos conceitos básicos do gênero e tratou de nos entregar upgrades, com eles aparecendo conforme avançamos pelos estágios.

A diferença aqui é que essas melhorias não ficarão disponíveis até sermos derrotados ou encontrarmos outra arma. Em Remote Life os disparos serão contados, com uma barra mostrando quanto ainda temos até voltarmos ao tiro padrão. Isso faz com que tenhamos que calcular muito bem nossos próximos passos, principalmente quando estivermos em situações que exigem um poder de fogo maior.

Outro ponto positivo do jogo se dá no design dos inimigos. Com a modelagem 3D sendo de alto nível, quase sempre os monstros possuem uma aparência grotesca, misturando máquinas com seres vivos e o destaque vai para os bizarros chefes.

Os cenários por sua vez possuem menos detalhes e variações, mas ainda assim são bonitos, com os efeitos de iluminação deixando tudo muito mais assustador. Talvez a comparação seja um pouco injusta e até jogue um peso muito grande sobre a criação de Mario Malagrino, mas a impressão passada pelo Remote Life é de estarmos jogando algo que poderia ter sido idealziado por H. R. Giger, o lendário artista responsável pelo visual do Alien – O 8º Passageiro.

Apesar de não trazer nada realmente inovador, Remote Life é um SHMUP muito interessante, conseguindo misturar muito bem o passado e o presente. Como este é um gênero que não costuma receber novos títulos realmente bons, é bacana ter a oportunidade de encarar algo que não seja apenas o relançamento de um clássico.

Eu adoraria que a investida de Malagrino tivesse motivado a criação de outros shoot ‘em ups com gráficos tão modernos quanto os dele e/ou feito surgir mais jogos de navinha que utilizassem duas alavancas. Fico imaginando como seria um R-Type assim, mas quando a própria continuação do Remote Life deixará o gênero para apostar em algo mais próximo de um jogo de plataforma, tenho que admitir que devo estar sozinho nesse desejo.

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Pai em tempo integral do pequeno Nicolas, enquanto se divide escrevendo para o Meio Bit Games e Vida de Gamer, tenta encontrar um tempinho para aproveitar algumas das suas paixões, os filmes, os quadrinhos, o futebol e os videogames. Acredita que um dia conseguirá jogar todos os games da sua coleção.