Quando em 1990 o mundo já voltava sua atenção para a geração 16-bit, a Natsume preferiu continuar apostando no Nintendinho e assim lançou o interessante jogo Shadow of the Ninja. Bebendo claramente de uma fonte chamada Ninja Gaiden, o título trazia belos visuais e um grande diferencial: multiplayer cooperativo.

Talvez por ter surgindo quando aquele console dava seus últimos suspiros, o fato é que o divertido jogo de ação nunca se tornou tão popular e embora uma adaptação tenha sido prometida para o Game Boy, ela acabou sendo transformada no Ninja Gaiden Shadow. Eis que mais de duas décadas depois, o (um tanto menosprezado) clássico retorna.

Shadow of the Ninja: Reborn

Crédito: Divulgação/NatsumeAtari

Rebatizado como Shadow of the Ninja: Reborn, ele se passa em 2029, quando o imperador Garuda invade os Estados Unidos e constrói uma fortaleza na maior cidade do país. E como boa parte das obras de ficção criadas por volta dos anos 80 e 90, nesta o enredo também servirá apenas como pano de fundo para “uma turminha do barulho armar muitas confusões”.

No caso, a tal turma se resume a dois ninjas que foram escalados para salvar o dia, Hayate e Kaede. Após feita a escolha de qual controlar, o que teremos pela frente será uma sucessão de inimigos, armadilhas e todo tipo de maquinário criado apenas para nos matar.

Com uma visão lateral, inicialmente os protagonistas contarão com apenas duas formas de ataque: um de curta distância, realizada com uma espada; e outro para acertar adversários que estiverem longe, ao usarmos uma lâmina presa a uma corrente, arma conhecida como Kusarigama.

Como em qualquer jogo do estilo, power-ups e outros equipamentos estarão espalhados pelos cenários, com alguns deles podendo facilitar muito o nosso progresso. Com os estágios divididos em três áreas menores, a boa notícia é que as mortes nos levarão de volta ao início dessas partes e não ao da fase em si. Por se tratar de um jogo com um nível de dificuldade um pouco elevado e que sofre com picos ocasionais, pelo menos não teremos que atravessar longos caminhos ao sermos derrotados.

Crédito: Divulgação/NatsumeAtari

O grande problema em Shadow of the Ninja: Reborn é que ele falha ao não conseguir proporcionar a sensação de estarmos no controle de ninjas. Com seus movimentos um tanto travados, Hayate e Kaede não possuem toda a agilidade de um Ryu Hayabusa, Joe Musashi ou Strider Hiryu.

Aqui preciso confessar que como não joguei o original, não sei se esse é um problema que foi mantido ou está presente apenas na remasterização. De qualquer forma, me senti frustrado ao assumir o controle de personagens que parecem mais “pesados” do que deveriam, sendo que até o ato de selecionar os itens especiais se mostra algo pouco intuitivo.

O que torna essa sensação ainda pior é notar o fantástico trabalho que o pessoal da NatsumeAtari fez na parte visual. Mesmo mantendo a boa e velha pixel art, tanto os cenários quanto os personagens possuem um nível de detalhes bem alto, tornando o jogo muito mais adequado aos dias atuais.

Logo, por mais que eu entenda uma possível tentativa de manter o Shadow of the Ninja: Reborn o mais fiel possível ao original, acredito que um ajuste na jogabilidade seria mais do que recomendável. E aqui não estou falando de um jogo que exige reflexos apurados por parte do jogador, mas um que, além da dificuldade natural, piora a situação com controles imprecisos e pouco responsivos.

Shadow of the Ninja: Reborn

Crédito: Divulgação/NatsumeAtari

Se pensarmos na época em que o original foi lançado, usar a dificuldade para aumentar artificialmente a vida útil de um jogo é algo que poderia fazer sentido. Porém, hoje esse é um recurso que tende a ser criticado, mas os desenvolvedores não parecem ter se preocupado com isso.

Para os saudosistas, os problemas presentes neste renascimento podem não incomodar e como alguém que sempre defende a preservação dos games, respeito isso. Por outro lado, acredito que esse tipo de relançamento deveria aproveitar a oportunidade para conquistar um novo público, o que invariavelmente recai em modernizar não só a parte visual, mas a jogabilidade também.

E como fazer isso, mas manter a essência do original? A solução simples seria oferecer uma cópia do jogo como ele funcionava quando foi lançado, com suas virtudes e fraquezas. Assim, caberia ao público escolher qual experiência prefere encarar.

Mas, não é a isso que Shadow of the Ninja: Reborn se dispõe e se você conseguir superar essa barreira de jogar algo mais bonito, mas com uma certa dureza nos controles, encontrará um bom jogo e que nos dá um gostinho de uma tarde de sábado chuvosa.

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Pai em tempo integral do pequeno Nicolas, enquanto se divide escrevendo para o Meio Bit Games e Vida de Gamer, tenta encontrar um tempinho para aproveitar algumas das suas paixões, os filmes, os quadrinhos, o futebol e os videogames. Acredita que um dia conseguirá jogar todos os games da sua coleção.