Em 2005 a Neople lançou o Dungeon Fighter Online, um beat ‘em up com elementos de RPG e que deu início ao que seria conhecido como universo Dungeon & Fighter ou simplesmente, DNF. Duas décadas e três jogos depois, a Nexon, editora e responsável pela franquia, decidiu expandir a marca e o primeiro passo nessa direção atende pelo nome The First Berserker: Khazan.
Funcionando como o primeiro RPG de ação hardcore do estúdio, a aventura se passa 800 anos antes do início de DNF, quando o general Khazan é capturado e brutalmente torturado após ser falsamente acusado de traição.
Ao ser transferido para seu exílio, a comitiva que levava o lendário herói é atingida por uma avalanche, mas aquele não seria seu fim. A beira da morte, o homem que nasceu numa tribo bárbara de Arad e ascendeu ao topo do exército do império Pell Los tem seu corpo tomado pelo Espectro da Espada, que cura suas feridas. Com uma força sobre-humana, Khazan poderá buscar vingança, mas será que o preço a ser pago por isso valerá a pena?
Bom, essa é apenas a introdução para a interessante história de The First Berserker: Khazan, com diversos personagens cruzando o nosso caminho e principalmente, uma boa leva de seres bastante poderosos se revezando como nossos inimigos.

Crédito: Divulgação / Neople
E quando falo do poder dos adversários do protagonista, não estou exagerando. Esse é um jogo implacável, onde até os mais simples inimigos poderão nos causar muitos danos, especialmente quando nos atacarem em grupos. Pois isso fica claro no próprio gênero de The First Berserker: Khazan, afinal, se trata de mais um título a engrossar a lista de soulslike.
Sim, se você nunca se interessou pelos jogos que bebem da fonte criada por Hidetaka Miyazaki com o espetacular Demon’s Souls, não será essa produção da Neople que o fará mudar de opinião.
Aqui encontramos praticamente tudo o que serve para classificar um título como pertencente ao estilo souls: alta dificuldade; chefes enormes; coleta de “almas” após derrotarmos inimigos; utilização desta moeda para evoluir o personagem; perda do que juntamos ao morrer; uma “fogueira” em que renasceremos e vários outros aspectos. Pode mudar o nome ou formato de algumas dessas características, mas no fim das contas, é o mesmo sistema eternizado pela FromSoftware.
Uma das principais mudanças adotada pelo The First Berserker: Khazan em relação à sua fonte de inspiração está na incapacidade de criarmos nosso personagem, já que o estúdio sul-coreano optou por ter um herói fixo e assim desenvolver melhor sua história. A escolha foi correta, até porque, não significa que ficaremos presos a apenas um estilo de luta.

Crédito: Divulgação / Neople
Embora Khazan não ofereça a variedade de classes de um RPG, com os combates a curta distância sendo o foco, ele poderá utilizar três tipos de armas diferentes: uma lança, para ataques rápidos e mais fracos; uma espada longa, para golpes fortes e lentos; ou lâminas duplas (um machado e uma espada), que funcionam como um meio-termo.
Além disso, ainda podemos disparar dardos a distância, mas eles consomem uma unidade de energia que só será recarregada conforme atacamos os inimigos. Com essa mistura de estilo, o título consegue entregar uma boa variedade, com os jogadores podendo experimentar qual melhor lhe agrada.
Então, conforme avançamos pela história, encontraremos um grande número de armas e equipamentos, permitindo que o protagonista fique melhor preparado para os desafios que se apresentarão. E falando de desafio, os menos pacientes/habilidosos terão a opção de jogar com uma dificuldade mais amena, porém, mesmo assim alguns chefes se mostrarão muito mais complicados do que os vistos na maioria dos jogos atuais.

Crédito: Divulgação / Neople
Já outra boa surpresa está na parte técnica. O trabalho realizado pelo pessoal da Neoplan neste quesito merece elogios, pois além dos gráficos 3D em cel-shading serem bonitos e com muita personalidade, The First Berserker: Khazan roda muito bem no PlayStation 5, sem quedas na taxa de frames e telas de carregamento quase inexistentes.
“Enquanto muitos jogos hardcore de RPG de ação e soulsborne geralmente priorizam uma direção de arte mais surrealista e complexa por meio de design e gráficos de alta qualidade, estamos buscando um estilo de animação e anime para o Khazan que se alinhe mais com DNF, ao mesmo tempo em que atualiza o visual para um público ocidental que pode não estar familiarizado com o universo,” explicou o diretor de arte do projeto, Kyuchul Lee. “Esperamos atrair um público mais global por meio de nossa abordagem artística para batalhas intensas e animação por meio de desenhos detalhados baseados em cel-shading.”
Embora os cenários não contem com muitas variações, quase sempre nos levando para lugares congelados, o nível de detalhes chama a atenção e é fácil perceber o cuidado (e talento) dos artistas da produtora. Destaque também para os chefes, que contam com visuais bastante intimidadores, muitas vezes aproveitando lendas ocidentais como inspiração.

Crédito: Divulgação / Neople
Surgindo como uma grata surpresa em 2025, The First Berserker: Khazan acerta por não mexer nas regras de um estilo tão bem estabelecido. Algumas pessoas poderão ver isso como um defeito, acusando o jogo de ser apenas uma cópia dos jogos da FromSoftware, porém, essa é uma característica que não me incomodou. Por mais que lhe falte originalidade, este é um título muito bem-acabado, com enredo interessante e acima de tudo, bastante divertido.
Com essa produção, a Neople mostrou que a franquia DNF tem potencial para agradar públicos mais amplos e que seus profissionais estudaram e aprenderam muito bem o que faz com que um soulslike seja divertido e desafiador. Se você não gosta do estilo ou está enjoado de jogos assim, não encontrará nada muito atrativo aqui. Porém, se estava à procura de mais um título com chefes difíceis e/ou um visual bacana, provavelmente adorará essa aventura de Khazan.