Ico é um daqueles casos estranhos em que um jogo vende pouco, mas quem teve o prazer de jogá-lo costuma o apontar como algo inesquecível. Mesmo tendo terminado ele por duas vezes no Playstation 2, aguardava com grande ansiedade a sua versão remasterizada no ICO and Shadow of the Colossus Collection e mesmo após dez anos do seu lançamento, não tenho medo de dizer que ele é uma das mais belas aventuras que vi em um videogame.

É verdade que muito do seu impacto se perdeu com o tempo, talvez devido as limitações técnicas do antigo console da Sony ou por várias de suas ideias terem sido utilizadas em outros títulos mais novos, porém, isso não apaga o brilho da criação de Fumito Ueda e o remake para o Playstation 3 é sem sobra de dúvidas altamente recomendado.

Digo isso porque a história contada pelo Team Ico é atemporal, mostrando o laço de união entre dois personagens extremamente vulneráveis e que ainda por cima não falam a mesma língua.

Acompanharmos a preocupação do garoto Ico com a indefesa Yorda, mesmo sem mal a conhecer, é algo marcante e a sensação de solidão e angústia passada pelas opressoras muralhas do imenso castelo para onde foi mandado, apenas por ter nascido com chifres, faz com que de uma maneira ou de outra nos identifiquemos com o protagonista, fazendo o possível para salvá-los.

Ico ainda tem o mérito de ultrapassar algumas barreiras dos games, ignorando a utilização de informações na tela como marcadores de tempo ou sangue, fazendo com que a atenção do jogador permaneça na relação entre os personagens e em não deixarmos a garota sozinha e sempre que isso se faz necessário para solucionarmos algum quebra-cabeça, a tensão nos faz prender a respiração.

O jogo talvez não agrade aqueles mais famintos por ação e pirotecnias, assemelhando-se muito a uma poesia e merecendo ser mais sentido do que jogado, mas quem o encarar da maneira como ele merece, encontrará ali uma obra digna de todos os elogios e que permanecerá relevante mesmo daqui a algumas décadas.

Alguns defendem a ideia de que os videogames não são arte, mas eles provavelmente não jogaram Ico.

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Pai em tempo integral do pequeno Nicolas, enquanto se divide escrevendo para o Meio Bit Games e Vida de Gamer, tenta encontrar um tempinho para aproveitar algumas das suas paixões, os filmes, os quadrinhos, o futebol e os videogames. Acredita que um dia conseguirá jogar todos os games da sua coleção.