Contar a história de uma mídia tão idolatrada quanto a dos games certamente não é uma tarefa fácil e quando Jeremy Snead decidiu buscar o financiamento coletivo para tentar cumprir esta missão, um grande número de pessoas achou que valia a pena lhe dar uma chance. Nascia ali o Video Games: The Movie.
Contando com declarações de diversas figuras importante da indústria, assim como algumas celebradas do cinemas, como Wil Wheaton, ator que sempre será lembrado pelo excelente filme Conta Comigo, o documentário faz uma viagem pela linha do tempo dos jogos eletrônicos, mas apesar de agradar em alguns aspectos, infelizmente derrapa em outros.
Já no início fica claro que a pós-produção e a montagem foram muito bem feitas, com uma boa trilha sonora embalando alguns momentos e o ritmo dando uma boa dinâmica à narrativa, mas isso também fez com que a surgisse um problema.
O primeiro e principal ponto a se criticar na produção é o seu roteiro. Snead, que também responde como roteirista, optou por dividir a história dos games em capítulos, como história, cultura e o futuro, mas ao fazer isso, ele acabou criando uma verdadeira salada. Isso acontece porque o documentário fica indo e voltando nos anos, muitas vezes fazendo com que o enredo dê saltos de mais de uma década para nos situar no assunto e tal estrutura mostra-se um tanto confusa e até mesmo cansativa.
Além disso, durante toda a narrativa temos a sensação de que o filme funciona mais como uma suntuosa propaganda a favor dos videogames do que um documentário propriamente dito, exaltando exageradamente suas qualidades e quase nunca se arriscando a tecer alguma crítica. Claramente uma tentativa de agradar os apaixonados pela décima arte.
Há também de se mencionar a maneira superficial como os temas são tratados, algo até compreensível, dada a duração do documentário – 1h40, mas ainda assim fica uma ponta de frustração pelo quase total desprezo por grandes empresas ou assuntos importantes, como os arcades e o PC.
Talvez a ausência da Sega tenha seus motivos (direitos?), mas o fato é que ao deixar de lado a criadora de franquias e consoles tão relevantes, o Video Games: The Movie acaba ferindo a todos, não somente os fãs da companhia japonesa.
Tudo isso pode dar a entender que o Video Games: The Movie pode não merecer nossa atenção, o que não é verdade e o principal motivo é o fator nostalgia. Relembrar alguns clássicos, algumas propagandas da época ou ver as pessoas que moldaram essa indústria falando sobre o tema é algo fantástico e neste ponto a produção se sai muito bem.
Na verdade, o projeto de Jeremy Snead talvez funcione muito mais como uma viagem pelo nosso passado do que pelo dos videogames, e digo isso pois diversas vezes fiquei com os olhos marejados ao relacionar certos trechos a passagens da minha vida, o que no final das contas, me fez gostar da experiência.
Video Games: The Movie pode não ser o documentário definitivo sobre jogos eletrônicos, mas serve tanto para os novatos quanto para quem é um jogador old achool, nem que seja para resgatarmos algumas boas memórias.