Tô duro, mas quero jogar videogame.
Relato do que tenho feito para continuar jogando mesmo sem dinheiro.
Apertando o cinto
Pois é, tá todo mundo reclamando que o dólar tá caro, que a Sony e a Microsoft aumentaram os preços (lançamento PS4 = R$ 250) e que a situação do Brasil está sombria. O momento está tão confuso, que mesmo quem não saca nada de economia \o tem tido dificuldades para fechar as contas no fim do mês.
Pois é, fechei no vermelho em agosto e resolvi cortar supérfluos. Resolvi que comerei muito mais ovo frito esse mês do que carne bovina e que minha horta doméstica deverá ser incrementada, aliás, acabei de plantar um pé de feijão num copinho com algodão (quanto tempo demora a começar a exportar feijão?), e claro, com muita dor no coração, resolvi reduzir minhas idas ao cinema (viva Netflix), os passeios com a patroa pelo shopping também devem ser trocados por tarefas ao ar livre (Droga! Queria morar perto da praia).
Aí me dei conta que nos últimos três anos fui perdulário com os meus joguinhos. Estava barato, tinha promoções, testei alguns esquemas de comprar jogos com o dólar ainda a US$ 1 = R$ 1,66 em 2011 e com isso montei uma coleção bem bacana com cerca de 80 joguinhos em mídia física para PS3, fora as outras plataformas.
A farra tinha que acabar, não dá mais pra gastar R$ 200 por mês com jogos novos. Também não dá para, de uma só vez perder a sensação de jogo novo (cara, essa sensação é uma das melhores do mundo).
Aí…
O que fazer?
Primeiro eu defini uma meta, diferente de uns e outros aí que não definem a meta e quando chegam à meta não definida resolvem dobrá-la, resolvi que meus gastos devem ser mais inteligentes. Então eu reservei o seguinte orçamento:
- Jogos de Videogame: R$ 50.
- Jogos de PC: R$ 10.
- Reserva de Oportunidade: R$ 40.
Ou seja, reservando R$ 100 por mês para gastar com jogos, cortei pela metade os meus gastos com diversão eletrônica.
Esse orçamento não é uma tábua dos mandamentos, então me permito alguma flexibilidade, desde que não ultrapasse os R$ 100. Procedi da seguinte forma para esse primeiro mês:
- Comprei o joguinho Skylanders para o 3DS a R$ 56 na Saraiva (mega promoção).
- Comprei também, por R$ 30 numa feira livre o Mario Kart Super Circuit para Game Boy Advance
Legal, em setembro consegui segurar a onda, tive que remanejar de um lado ou de outro, mas gastei R$ 86 e consegui economizar uns trocados. Não comprei nenhum game no Steam e deixei passar a promoção da Warner que me oferecia vários jogos da Netherhealm por R$ 9,90 cada.
Por que eu deixei a promoção do Steam passar?
Tá certo que “sobraram” R$ 14 e que eu podia ter comprado um jogo no Steam. Podia mesmo. Estava no orçamento e não ia pesar. Mas aí eu percebi o seguinte, vida de casado não é tão simples.
Minha esposa é maravilhosa (não, ela não está lendo enquanto escrevo), mas ela demanda uma atenção que eu não planejei: Fabiana gosta de ver tevê à noite para relaxar e me quer por perto.
Juntam-se duas situações: Fabiana assiste tevê e ao mesmo tempo me pede para ficar fisicamente próximo a ela. Dessa forma, apesar da tevê ter recurso de PiP (tela dividida) e de termos outras tevês pela casa, eu meio que fico preso à sala. Não dá pra deixar Dona Maria sentada sozinha na sala e me enfurnar no quarto para jogar videogame. E quem já tentou jogar em tela dividida, competindo com Master Chef ou The Voice Brasil piscando na outra metade da tevê sabe que é luta perdida. As duas imagens se atrapalham demais e você não foca no gameplay e nem a mulher vê as reações da Ana Paula Padrão ou do Thiago Leifert.
Bolei uma estratégia perfeita pra mim. Coloquei aquela lista de 12 jogos em um ano para funcionar e estou zerando Darksiders no PC. Já estou com 25 horas de jogo e estou explorando cada cantinho do game. Aproveitando muito bem essa obra de arte da finada THQ.
Como eu estou jogando, não dá tempo de olhar as promoções do Steam, brincadeira, dá sim, mas não dá vontade de parar de jogar Darksiders, então, estou fechando os games que já possuo antes de comprar outros.
Eu sei que isso deveria ser óbvio, mas para um comprador compulsivo de games como eu, nem sempre é fácil.
E o que isso quer dizer?
Não sei ao certo qual será o meu comportamento para os próximos meses. Cheguei a pensar em desapegar de tantos games e consoles que possuo nunca tendo tempo para jogar, mas conversando com amigos, percebi que não estou preparado para me separar de objetos que carregam tanta nostalgia.
Inicio esse mês de outubro com a consciência limpa. Acho que consegui, mesmo com o atraso de sete meses, dar um rumo na minha vida. Economizei, joguei bastante o Mario Kart que adquiri no intervalo para almoço, aumentei a minha coleção de forma consciente e sadia e consegui dar atenção à minha esposa.
Precisamos ser criativos para minimizar a crise.
Claro que a postura de austeridade que estou adotando deve ajudar a conter meus gastos. Mas eu extrapolei um pouco o aprendizado e cheguei à conclusão de que o que preciso é “fazer mais com menos”.
Já que temos que reduzir gastos e tentar realizar a mesma quantidade de coisas, percebi que em breve (assim que fechar os games que já adquiri), precisarei voltar a algumas práticas comuns na década de 1990:
- Emprestar jogos
- Compra em grupo: Cada um do grupo escolhia um game diferente na compra e fazíamos rodízio
- Comprar jogos usados, inclusive de consoles clássicos.
- Esperar pela queda do preço dos lançamentos
- Focar em jogos que realmente vou jogar
Algumas coisas “novas” e mais em conta também merecem atenção:
- O Humble Bundle está oferecendo assinaturas mensais.
- A PSN Plus e a Live Gold oferecem games gratuitamente a cada mês.
- Muitos jogos gratuitos (free-to-play) estão disponíveis na web e para smartphones.
Alternativas cinzentas também existem, como os emuladores, os FlashCards e o compartilhamento de contas (Netflix, Steam, PSN, Live), mas algumas forçam a amizade
Zerando a vida.
É minha experiência pessoal, nada de opinião especializada ou qualificada para um veredicto fiável, apenas umas observações que pretendo avaliar nesse momento onde as palavras chave são criatividade e eficiência.