Unruly Heroes

Se tivéssemos que resumir os videogames da década de 90 em apenas um gênero, acho que seria o de jogos de plataforma. Naquela época esse tipo de jogo existia aos montes, com grande parte das empresas apostando na criação de títulos assim e tentando encontrar neles os seus futuros mascotes.

Durante muito tempo eu adorei jogos do estilo, mas por ter jogado tantos, chegou um momento em que eu nem podia ouvir falar neles. Foi então que os abandonei, até que muitos anos depois, graças ao surgimento dos estúdios independentes os jogos de plataforma ressurgissem, em alguns casos trazendo conceitos e mecânicas que fugiam do lugar comum.

O último a chamar a minha atenção por tentar propor algo diferente foi o Unruly Heroes, do estúdio francês Magic Design Studios. Inspirado no romance Jornada ao Oeste, de Wu Cheng’en, a história do jogo conta a aventura de quatros heróis que deverão encontrar as escrituras sagradas responsáveis por manter a harmonia do mundo.  Pode não ser um enredo muito criativo, mas ele serve como ótimo pano de fundo para uma aventura que pretende ser épica.

É portanto na jogabilidade que reside uma das maiores qualidade do Unruly Heroes. Ao nos oferecer personagens com habilidades distintas, o jogo a todo momento nos faz ter que aproveitá-las para superar os obstáculos que encontramos pelo caminho. Com isso, o ideal seria encarar a campanha ao lado de três amigos (com multiplayer apenas local, infelizmente), para que assim cada um participe ativamente da progressão. Porém, se você tiver que jogar sozinho, saiba que bastará alterar entre os protagonistas para aproveitar suas caraterísticas.

Apesar de não contarem com muitos caminhos alternativos ou grandes quebra-cabeças, as fases costumam entregar momentos marcantes e que ajudam a tornar a jogabilidade mais variada. Sem querer entrar em muitos detalhes aqui, imagine você passar um estágio inteiro sabendo que um assustador chefe o aguarda e após derrotá-lo, poder usar o monstro ao seu favor.

Contudo, o aspecto do Unruly Heroes que não deverá ser criticado por ninguém é a sua direção artística. Com um dos gráficos 2D mais bonitos dos últimos anos, ao ver o jogo em ação muitos imediatamente lembrarão do fantástico Rayman Origins e essa semelhança não é por acaso. A equipe da desenvolvedora foi formada por diversos profissionais que trabalharam na criação do jogo da Ubisoft e embora ele tenha sido feito com a engine Unity (e não a UbiArt Framework), o game parece quase um sucessor espiritual.

De fato, cada tela do jogo parece uma pintura, com os cenários trazendo um nível de detalhes impressionante e a movimentação dos personagens fluindo naturalmente. A sensação é de, assim como na obra de arte de Michel Ancel, estarmos participando de uma animação e confesso que não esperava algo assim sendo feito por outro estúdio.

Altamente recomendado para quem gosta de jogos com multiplayer local, Unruly Heroes pode não ser um jogo de plataforma revolucionário e dificilmente fará com que aqueles que não gostam do gênero mudem de opinião. Porém, sua jogabilidade não possui grandes falhas e com uma qualidade visual como a dele, sem dúvida merece uma oportunidade.

Talvez o título acabe servindo como o alicerce para que a Magic Design Studios ouse mais em seus futuros jogos, mas com ele os franceses já mostraram que sabem o que estão fazendo e eu adoraria vê-los dar esse tratamento visual a remasterização de alguns clássicos. Já pensou um Super Metroid ou um Shinobi com gráficos assim?

Unruly Heroes já está disponível, com cópias para Xbox One, Nintendo Switch e PC.

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Pai em tempo integral do pequeno Nicolas, enquanto se divide escrevendo para o Meio Bit Games e Vida de Gamer, tenta encontrar um tempinho para aproveitar algumas das suas paixões, os filmes, os quadrinhos, o futebol e os videogames. Acredita que um dia conseguirá jogar todos os games da sua coleção.