O Velho Oeste é um período fascinante da história dos Estados Unidos e um dos motivos para isso são as muitas lendas que surgiram com o passar dos anos. Pois foi de forma brilhante que a Techland conseguiu aproveitar essa mitologia para criar o Call of Juarez: Gunslinger, jogo que fascina não somente pela sua parte técnica, mas também pela sua fantástica narrativa.
Nele assumimos o papel de Silas Greaves, um fictício caçador de recompensas que ao entrar em um saloon e ser reconhecido, começa a contar sua história para um grupo que estava no local. A grande sacada da desenvolvedora foi aproveitar as muitas incertezas que rondam a época, permitindo que o protagonista dê suas próprias versões para o que teria acontecido com figuras importantes como Butch Cassidy, Jesse James e Billy the Kid, numa saga repleta de violência, vingança e muitas mortes.
Porém, é a maneira como os criadores mesclam a narrativa com a jogabilidade que faz com que o jogo realmente se destaque. Como toda a campanha é contada através das memórias do personagem, inclusive com sua narração acontecendo durante a ação, em muitos momentos vemos pedaços do cenário se formando diante de nossos olhos, simplesmente porque Silas acabou de se lembrar daquilo ou então somos obrigados a refazer um pedaço do estágio, só porque as coisas não teriam acontecido exatamente da maneira como mostrada anteriormente.
Um exemplo disso é um trecho em que nos deparamos com uma diligencia que está sendo assaltada. Após matarmos alguns índios, o garoto que escuta a história do protagonista diz que não sabia que índios habitavam aquela região, quando o tiroteio é subitamente interrompido por Silas, que diz algo mais ou menos assim:
“Mas eu disse que estava enfrentando apaches? Não, era o grupo de fulano de tal, que me atacava como índios.” Neste momento vemos um efeito como se fosse um filme sendo rebobinado, o que nos faz voltar um pouco no tempo e ao chegarmos novamente no local, nos deparamos com outros inimigos e a história continua.
Essas situações acontecem com uma certa frequência e por diversas vezes me peguei esboçando um sorriso ao ver como o estúdio soube aproveitá-las muito bem, fazendo com que a história se torne muito envolvente e dinâmica.
Some a isso gráficos belíssimos, uma jogabilidade sólida que entrega alguma variedade ao nos colocar em duelos e oferecer efeitos de bullet-time, além de um excelente trabalho de dublagem e pronto, temos um jogo com está muito acima da média e que praticamente não apresenta falhas.
Contudo, Call of Juarez: Gunslinger parece não ter feito todo o sucesso que merecia, talvez por ter sido lançado apenas digitalmente e imagino que isso possa ter passado a ideia de que se tratava de um produto raso e/ou de baixa qualidade, o que está muito longe de ser verdade.
Eu o indicaria para qualquer pessoa que gosta de um bom jogo de tiro em primeira pessoa, mas principalmente para aquelas que adoram o tema e não se cansam de assistir filmes de faroeste, pois acredite, nenhum deles será capaz de te passar a história da maneira como o Gunslinger consegue, nem terá a presença do carismático Silas Greaves.
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