Huntdown

Eu nunca cansarei de expressar o quanto sou grato pela ascensão dos estúdios independentes e por como eles conseguirem resgatar gêneros que por muito tempo permaneceram dormentes. Um deles foi o dos jogos run ‘n’ gun, que outrora foi tão bem representado por clássicos como Contra e Metal Slug, e se você estava sentido falta de algo novo neste estilo, lhe apresento o fantástico Huntdown.

Desenvolvido pelos suecos da Easy Trigger Games e lançado para PC, Xbox One, PS4 e Nintendo Switch, Huntdown se passa em um futuro distópico onde gangues controlam as ruas. Com a Terceira Guerra Mundial tendo devastado grande parte do planeta, a situação tornou-se tão perigosa que nem mesmo a polícia tem coragem de encarar os bandidos e é aí que entra um trio de caçados de recompensas: a ex-soldado Ana Conda; John Sawyer, um ex-policial que recebeu diversos implantes cibernéticos; e o androide Mow Man.

Fortemente inspirado pelos filmes de ação e pela cultura pop dos anos 80, Huntdown nos coloca em um mundo violento, cheio de neons e onde carros voadores se tornaram realidade. Para quem já assistiu Blade Runner: O Caçador de Androides, a comparação se torna inevitável, mas felizmente o estúdio conseguiu dar bastante personalidade à sua criação.

Ao todo teremos 20 estágios para encarar, cada um deles culminando no confronto contra um chefe e no geral eles são bem interessantes. Muitas vezes essas batalhas se preocupam em fazer referência a personagens do cinema, como por exemplo um que parece ter sido tirado direto d’O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final.

Contudo, não há como falar do Huntdown e não tecer elogios à sua trilha sonora. Sendo também muito responsável por os universos imaginados por aquelas obras que tentaram prever o futuro, as músicas presentes no jogo são muito legais, se encaixando muito bem com o estilo visual, que é certamente outro do dos pontos altos do game.

Com os seus gráficos tendo sido criados a mão, há quem não goste muito dessa onda de jogos eletrônicos que adotam o estilo pixel art, mas mesmo que este seja o seu caso, não há como ignorar o excelente trabalho feito pelos suecos. Além de serem impressionantemente detalhados, os cenários e os personagens criados para o Huntdown ainda chamam a atenção pela fluidez de suas animações, passando uma incrível sensação de estarmos assistindo uma verdadeira animação.

É muito legal ver a maneira como os inimigos morrem ou como os nossos personagens respondem aos seus ataques. Mas lembra quando anteriormente eu mencionei violência? Pois ao contrário de muitos run ‘n’ guns de antigamente, aqui ela é explicita, com muito sangue jorrando para todos os lados e até mesmo inimigos sendo incendiados vivos — que é uma animação um tanto perturbadora.

Mas feitos esses elogios, eu ainda preciso mencionar o quanto o ritmo do jogo me agradou. Inicialmente imaginei que o Huntdown seria muito mais frenético do que ele realmente é e embora eu entenda que alguns possam não gostar desta velocidade mais cadenciado, eu adorei.

Ao nos permitir dar um escorregão encanto estamos correndo e até mesmo nos esconder atrás de alguns objetos (que podem ser destruídos), o jogo acaba recebendo uma camada de estratégia que não é comum vermos nos gênero e achei que a Easy Trigger Games acertou ao ousar quebrar um dos pilares do estilo.

O ponto negativo fica para a curva de dificuldade da aventura. No geral os estágios poderão ser vencidos sem muito desafio, mas há certos trechos onde a dificuldade escala muito rapidamente e vez ou outra me vi obrigado a repetir essas partes por diversas vezes. Por sorte a oferta de checkpoints é grande e quando se trata dos chefes, eles são difíceis, mas nunca me passaram a impressão de serem injustos.

Portanto, seja você alguém a procura de um jogo muito bem acabado, seja um grande amante dos run ‘n’ guns de antigamente, Huntdown poderá se mostrar uma grande surpresa. Com bastante conteúdo, uma jogabilidade sólida e ainda nos permitindo jogar com outra pessoa localmente, este é um dos bons filhos que os indies nos deram.

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Pai em tempo integral do pequeno Nicolas, enquanto se divide escrevendo para o Meio Bit Games e Vida de Gamer, tenta encontrar um tempinho para aproveitar algumas das suas paixões, os filmes, os quadrinhos, o futebol e os videogames. Acredita que um dia conseguirá jogar todos os games da sua coleção.