Qual é o seu estilo de jogo favorito? Essa é uma pergunta que ouço constantemente e que sempre tenho uma certa dificuldade em responder. Até para não enjoar de um gênero, procuro variar aquilo que tenho jogado, mas confesso ter um carinho especial pelos metroidvanias.

A liberdade e a exploração oferecida por esse tipo de jogo é algo que me agrada muito e por isso procuro estar sempre atento aos títulos que se encaixam neste estilo. Foi assim que tomei conhecimento do Imp of the Sun e após passar algum tempo nesta criação da Sunwolf Entertainment, foi muito bom ter conhecido esta grata surpresa.

Imp of the Sun

No jogo seremos Nin, um diabrete criado pelo Sol num último esforço antes dele ser ofuscado por um grande eclipse. Com a Terra prestes a entrar em uma escuridão sem fim, caberá ao protagonista a dura missão de derrotar quatro guardiões que estão minando as forças do astro.

Desde a história até a ambientação, Imp of the Sun teve como inspiração a cultura peruana e isso nos levará a cenários como o interior da floresta amazônica, montanhas andinas e até áridos desertos. Para nós, sul-americanos, é muito legal ver mais um jogo que se passa no quintal de casa, mas existe um elemento que torna toda a experiência ainda mais impactante: os gráficos.

Fundada a partir do conceito de unir game designers e ilustradores, a Sunwolf Entertainment fez um trabalho excelente ao desenvolver a parte visual do Imp of the Sun e não considero exagero afirmar que este é um dos jogos 2D mais bonitos dos últimos anos. Com seus gráficos pintados a mão, é fácil olhar para eles e lembrar de outros títulos que se destacaram nessa área recentemente, como o Guacamelee! ou o Ori and the Blind Forest, mas ainda assim, sem ele perder sua personalidade.

Da movimentação dos personagens até os detalhados cenários, tudo parece ter sido feito com um enorme carinho e durante boa parte do tempo temos a impressão de estarmos assistindo uma boa animação.

 

Já em relação a sua jogabilidade, podemos esperar a exploração de sempre e um personagem que se tornará mais poderoso conforme avançamos, assim como confrontos interessantes contra os chefes — que infelizmente são poucos. No entanto, não me agradou muito o ritmo da aventura, com o Nin se movendo muito rapidamente e os pulos sendo pouco precisos. É verdade que com o tempo nos acostumamos a esta abordagem mais frenética, mas admito gostar de metroidvanias um pouco mais “cerebrais”.

Digo isso porque ao contrário de muitos títulos do gênero, onde existe até mesmo alguma proximidade com os jogos de quebra-cabeça ao aproveitar as habilidades que adquirimos, este pende mais para o lado dos jogos de plataforma. Eu já disso isso em outras oportunidades, mas houve uma época em que eu não podia nem ver esse tipo de jogo, tudo devido à maneira como eles dominaram o mercado durante as décadas de 80 e 90 e embora essa minha fobia tenha passado, as vezes sinto que ainda não estou totalmente curado.

Contudo, se tem algo que realmente me incomodou em Imp of the Sun, foi a sua falta de originalidade. Enquanto o jogava, por diversas vezes me peguei pensando que ele não difere muito de vários outros metroidvanias que temos por aí e por mais que a sua mecânica de aproveitamento da luz tente trazer algo novo, ela não consegue ser tão marcante.

Isso talvez se deva a grande quantidade de títulos com esse estilo que surgiram nos últimos anos, com essa sensação de falta de algo novo afetando quase tudo o que tem sido lançado. Porém, se você não se incomoda com isso ou até considera que as fundações de um gênero não devem ser mexidas, provavelmente adorará essa aventura peruviana.

Mas mesmo com alguns probleminhas em sua estrutura, Imp of the Sun é um jogo divertido, com uma jogabilidade que funciona bem e que principalmente, é muito agradável aos olhos. Além disso, ele merece elogios por ajudar a divulgar a cultura peruana, juntando-se ao beat em’ up Tunche numa nova leva de bons indies que se passam no país sul-americano.

E num cenário ideal, bem que essa ascensão dos nossos vizinhos poderia motivar algum estúdio brasileiro a criar um Metroidvania que se passe por aqui. Seria legal ver um jogo assim explorando a nossa cultura, mitos e/ou folclore, não acha?

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Pai em tempo integral do pequeno Nicolas, enquanto se divide escrevendo para o Meio Bit Games e Vida de Gamer, tenta encontrar um tempinho para aproveitar algumas das suas paixões, os filmes, os quadrinhos, o futebol e os videogames. Acredita que um dia conseguirá jogar todos os games da sua coleção.