Morbid: The Seven Acolytes

Quando lá em 2009 a From Software lançou o Demon’s Souls, imagino que nem o mais otimista funcionário da empresa achava que o jogo se transformaria no fenômeno que se transformou. Tendo dado início a um subgênero dos games, hoje temos uma grande quantidade de criações que se inspiram nas suas características e um dos últimos a se arriscar por este caminho é o Morbid: The Seven Acolytes.

Desenvolvido pela Still Running, no jogo seremos a última guerreira de Dibrom, uma pessoa que foi treinada a vida inteira para enfrentar e derrotar os Sete Acólitos. Seres extremamente poderosos, eles foram possuídos por uma divindade chamada Gahars e assim começaram a espalhar a morte pelo lugar em que vivemos.

Com uma atmosfera que lembra bastante o universo criado por H.P. Lovecraft, nós começaremos nossa árdua aventura em uma praia e ali já é possível perceber que o caos está por toda parte. Com seres repugnantes habitando a orla, com sangue e vísceras por todos os lados e o medo de sermos atacados sendo constante, a atmosfera criada pelos artistas do estúdio é fantástica, principalmente por se tratar de pixelart.

Por falar nisso, não há como negar que a parte visual é um dos grandes destaques do Morbid: The Seven Acolytes. Embora muitas pessoas estejam fartas de gráficos assim, eu admiro muito o estilo e fiquei bastante impressionado com o nível de detalhes nos cenários e com a quantidade de efeitos especiais pipocando a todo momento. Somadas, essas qualidades fazem com que Dibrom parece estar pulsando, o que ajuda muito a aumentar a imersão.

Um Souls com visão aérea

Como de costume, no início da campanha a nossa personagem será bem fraca e nem contará com uma arma. Isso rapidamente será resolvido, pois encontraremos uma espada que servirá para ao menos desferirmos golpes um pouco mais poderosos. Com o tempo encontraremos outros itens que nos ajudarão no progresso, mas não gostei muito do fato deles estarem sempre no mesmo lugar. Isso faz com que o fator replay diminua bastante, já que não teremos uma aleatoriedade numa futura incursão.

Já na parte dos combates, podemos esperar a típica jogabilidade do tipo ataque-desvie/defenda-gerencie a resistência. Assim como em qualquer jogo do estilo, saber o momento certo para desferir os golpes é aquilo que poderá fazer a diferença entre o fracasso e a vitória, mas aqui ainda teremos uma arma secundária que nos dará acesso a golpes a distância. O problema é que elas contam com um número bem limitado de disparos, o que nos obrigará a pensar bem antes de usá-las.

Além disso, o jogo ainda conta com uma barra de sanidade, que caso seja zerada, fará com que a protagonista tenha alucinações e fantasmas comecem a nos perseguir. Não chega a ser algo revolucionário, mas que traz uma lufada de inovação à jogabilidade e ajuda a tornar toda a experiência ainda mais perturbadora.

Já os itens poderão ser melhorados com runas que encontrarmos pelo caminho, o que adicionará danos elementais às armas ou nos garantirá habilidades passivas, como aumentar a velocidade de ataque ou sugar o sangue dos monstros. O detalhe aqui é que após utilizarmos uma dessas runas, para serem retiradas dos itens elas serão destruídas e assim teremos que pensar bem para não desperdiçarmos uma dessas pedras.

Ao todo teremos 25 armas de curto alcance para serem utilizadas, como machados, espadas, lanças e porretes, além de um grande número de armas que permitirão ataques de longo alcance, como rifles, escopetas e pistolas.

Contudo, o grande diferencial do Morbid: The Seven Acolytes em relação a outros soul-likes é o fato da câmera estar localizada sobre o personagem, como se fosse um RPG das antigas. O lado positivo disso é que teremos um campo de visão bem mais amplo, o que nos garantirá alguns segundos para nos preparamos para os combates. Porém, quando você se deparar com um grande número de inimigos vindo na sua direção, perceberá que esta vantagem não servirá para muita coisa.

Você morreu!

Com uma jogabilidade que lembra muito a da série Souls, um mundo que parece ser uma mistura de Lovecraft com Bloodborne e uma das pixelarts mais bonitas de todos os tempos, Morbid: The Seven Acolytes é um jogo que não mudará a indústria, mas que servirá para manter entretidos todos que gostam de títulos com as característica da tão adorada franquia da From Software.

Ainda não foi dessa vez que um discípulo de Hidetaka Miyazaki conseguiu superar o mestre, mas até por sua abordagem mais simples, acho que nem dava para esperar algo tão impactante. Ainda assim, este é um jogo muito bem feito e que merece ser experimentado por todos.

http://www.vidadegamer.com.br
Pai em tempo integral do pequeno Nicolas, enquanto se divide escrevendo para o Meio Bit Games e Vida de Gamer, tenta encontrar um tempinho para aproveitar algumas das suas paixões, os filmes, os quadrinhos, o futebol e os videogames. Acredita que um dia conseguirá jogar todos os games da sua coleção.