A viagem pela floresta encantada

Com o sucesso alcançado pelo primeiro PlayStation e a popularização dos jogos em três dimensões, durante muito tempo eu achei que os títulos em 2D haviam sido deixados para trás, sensação que foi ganhando força com a escassez de produções com essa característica.

Felizmente a indústria deu uma guinada, tornando possível que estúdios menores lançassem suas criações e mesmo grandes editoras passassem a dar mais atenção e jogos que pareciam fadados à extinção e um dos gêneros que se beneficiou disso foi o Metroidvania.

Caracterizado por nos oferecer um enorme mapa que para ser explorado exige encontrarmos certas habilidades, me apaixonei pelo estilo ao jogar o Super Metroid e tenho comemorado muito a boa quantidade de lançamentos assim que tem aparecido no mercado ultimamente.

O último deles foi o Ori and the Blind Forest, criação da Moon Studio que tem chamado a atenção de muita gente por seus belos gráficos e por sua sólida e por vezes impiedosa jogabilidade.

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Nele controlamos Ori, um pequeno ser que ao chegar numa floresta acaba sendo adotado por uma criatura chamada Naru. Pouco tempo depois um evento atinge seu lar e caberá ao protagonista a árdua missão de salvar o local, quando receberá a ajuda de um espírito chamado Sein.

ori-naruO curioso é que mesmo não sendo muito original, é nítida a intenção da desenvolvedora de criar uma boa história e personagens carismáticos já no início do jogo, porém, conforme a aventura avança, o enredo praticamente não evolui, preocupando-se apenas em nos levar de um ponto ao outro do mapa para ganharmos os novos poderes.

E por falar nas habilidades, uma das mais interessante é a que nos permitirá salvar em praticamente qualquer lugar, uma ideia que evitará repetirmos longas distâncias ao morrermos, mas que tem um lado negativo.

O primeiro deles é que como o titulo conta com poucos pontos de salvamento automáticos, caberá ao jogador lembrar de fazer isso regularmente e por isso é bom tomarmos cuidado, pois em determinado momento acabei perdendo todo o meu processo, simplesmente porque salvei num lugar em que não havia opção de escapar, no que se mostrou uma péssima escolha de design dos criadores.

Além disso, o sistema nos deixa um pouco mal acostumado, já que em determinados momentos teremos que ultrapassar certos trechos com contagem regressiva e como não poderemos salvar nessas partes, refazê-las diversas vezes será bastante irritante.

O problema nessas sequências é que tudo se resume a decoramos o caminho e executarmos os saltos com precisão quase milimétrica, algo que serve para adicionar um bom desafio ao jogo, mas que no fim exige mais uma boa memória e um pouco de sangue frio.

Outros aspecto do Ori and the Blind Forest que me incomodaram um pouco foi a ausência de chefes e principalmente o sistema de combates bem simples. Basicamente ele nos coloca para desviar das investidas inimigas enquanto apertamos freneticamente o botão de ataque, com os disparos funcionando quase que de forma teleguiada.

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Contudo, nenhum desses pequenos problemas são suficientes para apagar toda a qualidade do jogo, principalmente quando se trata da sua bela trilha sonora e da sua direção artística espetacular.

Ori and the Blind Forest é facilmente um dos títulos mais bonitos que joguei nos últimos anos, com seus cenários transbordando vida por todos os cantos e a animação entregue pela Moon Studio nos passando a sensação de estarmos vendo algo feito pelo Studio Ghibli.

Com sua história carregada de carga dramática, uma mecânica que não inova, mas é muito bem executada e um dos gráficos mais bonitos já criados para um jogo em duas dimensões, Ori and the Blind Forest já merece figurar entre os melhores títulos da nova geração e que deve ser jogado por todos que admiram o estilo Metroidvania.

Só tome cuidado para não arremessar o controle na parede, pois trata-se de um jogo com uma dificuldade acima do que nos acostumamos a ver ultimamente, mas que no fim das contas lhe proporcionará uma experiência fantástica.

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Pai em tempo integral do pequeno Nicolas, enquanto se divide escrevendo para o Meio Bit Games e Vida de Gamer, tenta encontrar um tempinho para aproveitar algumas das suas paixões, os filmes, os quadrinhos, o futebol e os videogames. Acredita que um dia conseguirá jogar todos os games da sua coleção.