Existe uma frase que muitos acreditam ser de Leonardo da Vinci que diz que “a simplicidade é o último grau de sofisticação” e independente dele ter sido o autor, é uma linha de raciocínio que sempre gostei de seguir. Muitas vezes a eliminação de excessos pode ser a diferença entre um bom e um mau trabalho, mas no caso do Mass Effect 2 tive a sensação de que a BioWare não deveria ter facilitado tanto a vida do jogador.
Desde o início da aventura fica evidente que ao contrário do primeiro jogo, aqui o foco estará nas batalhas e embora eu não tenha achado essa abordagem de todo ruim, me incomodou um pouco a maneira como o estúdio relegou a segundo plano alguns elementos de RPG.
De todas as mudanças, aquele que mais senti foi a ausência de um grande número de armas, pois se no título que deu origem à série encontrávamos equipamentos em todos os lugares e por isso tínhamos que nos preocupar com qual seria o melhor deles, na continuação só temos que fazer upgrades nos poucos itens disponíveis.
Essa estratégia obviamente visou conquistar o maior número possivelmente de jogadores e se para os impacientes ela deve ter sido considerada acertada, para aqueles que gostavam de ter um maior controle, provavelmente ela passou a impressão de um design preguiçoso.
Eu até ousaria dizer que o título tem um dos mais interessantes conjuntos de personagens que já vi em um jogo eletrônico, inclusive ofuscando seu protagonista.
Apresentados sempre como alguns dos seres mais poderosos – e perigosos – do universo, quase todos os integrantes da equipe do Comandante Shepard possuem uma história fantástica e uma ideia muito legal dos idealizadores foi incluir uma missão para cada um deles, o que ajuda a incrementar suas histórias.
Porém, não podemos ignorar o enredo principal, que ao colocar o grande salvador da galáxia como algo próximo a um renegado, abre espaço para uma série de reviravoltas e atitudes que antes poderiam ser consideradas impensáveis.
Outro ponto que merece elogios é a possibilidade que nos é dada de explorar os confins do universo e algo que ajuda a nos incentivar a fazer isso é o visual bastante diferente dos planetas, deixando de lado os cenários pouco variados do capítulo anterior e com um conhecimento maior da engine, a equipe de desenvolvimento pôde colocar todo seu talento em ação.
Talvez eu tenha sido um dos poucos que estranhou as mudanças que a BioWare impôs ao Mass Effect 2, mas reconheço a coragem que tiveram para arriscar e mesmo que algumas delas não tenham me agradado, o jogo reforçou a série como uma das minhas favoritas, principalmente por ter expandido a mitologia da franquia e melhorado bastante a mecânica das batalhas.