Jogos do estilo tycoon são aqueles em que precisamos gerenciar um negócio e a menos que a memória esteja me traindo, meu primeiro contato com o gênero aconteceu em meados da década de 90, quando coloquei o CD do Theme Park no meu saudoso PlayStation. Desde então, nunca consegui me desvencilhar desta paixão.
Para mim, existe algo mágico em jogos assim, sendo extremamente recompensador ver o parque, hospital, sistema de transporte ou qualquer outro tipo de negócio prosperar. E assim como acontece com os jogos de estratégias, consigo perder completamente a noção do tempo ao iniciar uma partida em algum tycoon.
Então, quando em 2016 alguns ex-funcionários da Bullfrog Productions fundaram o Two Point Studios, eu ainda não sabia disso, mas um dia me tornaria fã daquela desenvolvedora inglesa.
Para estreia, o estúdio optaria por uma ambientação mais tradicional, nos colocando para comandar um hospital. Depois eles nos levariam para a universidade, com o Two Point Campus e agora, repetindo a fórmula que tanto funcionou, chegou a vez de assumirmos o controle não de um, mas diversos museus.

Crédito: Divulgação / Two Point Studios
Com versões para PC, PlayStation 5 e Xbox Series S|X, Two Point Museum pode fazer algumas pessoas questionarem sua temática, mas o fato é que os britânicos souberam como aproveitar muito bem a ideia e implementar novas mecânicas que ajudam o oxigenar o gênero.
A principal delas são as explorações, quando teremos que enviar funcionários para “caçar” novas peças para o nosso museu. Para isso teremos que escolher quem embarcará na aventura, quais itens levarão para evitar os desafios que encontrarão pelo caminho e até os submeter a tratamentos após sofrerem de algum mal.
Para aumentar a chance de sucesso durante as incursões, os especialistas poderão ser treinados em salas criadas dentro dos museus, o que exigirá investimento em pesquisas e equipamentos. Além disso, durante as explorações poderão surgir dúvidas sobre como proceder, cabendo ao jogador tomar as decisões.
Como recompensa, a equipe poderá trazer peças aleatórias para serem exibidas no museu, o que aumentará o nosso prestígio e consequentemente trará mais visitantes. Uma ideia interessante é que nem sempre essas peças virão completas, sendo necessário realizar novas viagens a um mesmo local para tentarmos encontrar as partes faltantes.

Crédito: Divulgação / Two Point Studios
Contudo, não adiantará termos várias peças expostas de qualquer maneira. Em Two Point Museum, o burburinho causado pelas pessoas será fundamental para atrair mais visitante e uma maneira de fazer isso será agrupando peças de um mesmo estilo, mantendo o local limpo e dispondo quadros informativos.
Oferecendo um detalhado editor de estilos, os curadores de museus virtuais poderão mudar desde a cor do piso até o papel de parede, criando salas temáticas e corredores que ajudarão o público a trafegar pelo local. Confesso que durante um bom tempo sofri para me adaptar a como as ferramentas funcionam com o controle, mas passada essa fase, consegui modificar meus museus de forma bastante natural.
E quando me refiro a museus, no plural, é porque não ficaremos presos a apenas uma construção. Além de um modo livre, onde poderemos construir sem muitas preocupações, o modo principal nos levará a cinco museus com temáticas distintas. O primeiro deles será voltado para a pré-história, mas depois poderemos gerenciar um museu com temática marinha; um ambientado no sobrenatural; outro com foco na ciência; e ainda um com peças vindas do espaço.
Como cada tema nos permitirá encontrar peças únicas, estaremos sempre curiosos em saber qual será a próxima descoberta. Isso traz uma variedade muito bacana ao Two Point Museum, mesmo porque, ele mantém o bom humor dos seus irmãos mais velhos, com as peças e até mesmo os visitantes fazendo com que o jogo passe longe de entregar uma simulação realista.

Crédito: Divulgação / Two Point Studios
Contudo, o que torna os temas mais interessantes é eles contarem com mecânicas distintas. Um exemplo é o museu sobrenatural, onde poderemos capturar fantasmas e exibi-los em salas vedadas, sendo que os locais precisarão ser adequados à época em que as pessoas viveram. São detalhes, mas que além de acrescentar várias camadas de estratégia ao jogo, fazem com que ele seja mais imersivo.
Além disso, ver as pessoas interagindo com as peças é muito legal e como elas possuem interesses diferentes, um bom administrador precisará ficar atento para entregar aquilo que os visitantes mais desejam. O resultado será passeios mais longos e doações maiores, o que consequentemente nos permitirá continuar investindo no museu.
Também será nossa função garantir a segurança da coleção, o que significa contratar guardas para realizar rondas pelas salas. Serão eles que evitarão ladrões, mas também algumas crianças enxeridas que só conseguem “enxergar com as mãos.”

Crédito: Divulgação / Two Point Studios
Para aqueles que tiveram a oportunidade de jogar outros títulos criados pelo Two Point Studios, será fácil se sentir em casa ao iniciar este. Porém, isso não significa que o Two Point Museum seja mais do mesmo, com as expedições e temáticas variadas sendo ótimas adições.
Mesmo que o título não receba conteúdo adicional com o passar do tempo, há muito o que aproveitar nele e com sua versão para PC saindo por apenas R$ 126,90, quem gosta do gênero estará muito bem servido.
Com esse jogo, o estúdio reforça como os tycoons podem aproveitar as mais variadas ambientações e principalmente, fazer com que elas sejam divertidas. Mesmo sendo muito cedo para isso, confesso que já estou pensando qual será o próximo negócio que o Two Point Studios, mas o que não tenha dúvida é que, se continuarem com esse padrão, eles acertarão novamente.