Gostar de videogame é ter que conviver com a eterna sensação de que uma grande decepção está por vir, que aquele título que tanto esperamos não é tão bom quanto gostaríamos. Porém, vez ou outra somos positivamente surpreendidos por algum título que inicialmente não entrou no nosso radar e recentemente isso aconteceu comigo com o Warhammer 40,000: Shootas, Blood & Teef.
Com tantos jogos da franquia sendo lançados ultimamente, com alguns deles inclusive podendo ser considerados de grande porte, não darmos a devida atenção a essa criação da Rogueside não chega a ser um sacrilégio. Mais conhecido pela série Guns, Gore & Cannoli (sim, eles gostam de nomes pomposos) ou pelo Hidden Through Time, o estúdio ganhou a oportunidade de desenvolver seu maior trabalho e a aproveitou sabiamente.
Nos colocando na pele de um orc que faz parte da força invasora que chegou a Luteus Prime, lá você descobrirá que o chefe de guerra roubou um valioso item seu, um pedaço de cabelo que, na verdade, não passa de uma criatura asquerosa. Até devido ao temperamento explosivo da raça, a atitude será suficiente para desencadear numa violenta e perigosa busca por vingança, com o humor estando presente por todo o jogo.
Com seus gráficos desenhados a mão, Warhammer 40,000: Shootas, Blood & Teef funciona como um daqueles jogos de tiro que eram muito comuns nas décadas de 80 e 90, os run and gun como as series Contra e Metal Slug. E como tal, podemos esperar uma boa quantidade de armas e equipamentos para podermos enfrentar os inimigos.
Por falar nisso, aprender as características de cada arma e descobrir quais as que mais se encaixam no nosso estilo de jogo será fundamental para conseguirmos progredir. Vale citar também que o armamento poderá ser evoluído na Mek Shop, ponto de parada obrigatória em cada checkpoint que encontrarmos pelo caminho.
E com a quantidade de ameaças vindas na nossa direção sendo bem alta, não sobrará muito tempo para respirar, com a pesada trilha sonora composta por Deon van Heerden contribuindo muito para tornar tudo mais frenético.
No geral, as fases serão divididas entre avançarmos enquanto atiramos em tudo o que se move, salas cujas saídas só serão abertas após eliminarmos todos os inimigos ou acionarmos algum dispositivo e obviamente, os combates com chefes, que algumas vezes ocuparão a maior parte da tela.
Warhammer 40,000: Shootas, Blood & Teef também tenta oferecer alguma variedade ao nos permitir escolher entre quatro classes antes de iniciarmos a aventura. Porém, mesmo com elas sendo bastante diferentes entre si, o jogo falha ao não nos explicar exatamente como funcionam e a menos que você tenha um bom conhecimento do universo da franquia, fatalmente terá que contar com a sorte ou se arriscar na base da tentativa e erro.
Outro fator que poderá desagradar algumas pessoas é o tempo de duração da campanha. Chegar o fim dela poderá ser feito em apenas algumas horas, no entanto, a intensidade da jogabilidade e a própria dificuldade poderá fazer parecer que o jogo pareça maior. Já para quem gosta de desbloquear tudo, completar o arsenal e explorar as classes disponíveis deverá ajudar a mantê-lo entretido por mais um tempo.
Algo que também poderá aumentar a vida útil do jogo e até mesmo deixá-lo muito mais divertido é o suporte ao multyplayer. Funcionando tanto online quanto localmente, ele permite que até quatro pessoas joguem juntas e o caos gerado desta maneira tem potencial para gerar boas risadas — e algumas desavenças.
No fim das contas, Shootas, Blood & Teef acaba servindo como um sopro de novidade para uma franquia que tem sido explorada impiedosamente pela Games Workshop, podendo servir ainda como uma bela porta de entrada para novos jogadores.
Mesmo não sendo um grande conhecedor do universo Warhammer 40,000, gosto bastante da sua proposta e esta criação da Rogueside conseguiu me proporcionar momentos bastante divertidos. Ele até despertou em mim uma grande vontade de rejogar o ótimo Warhammer 40,000: Space Marine, além de adquirir a bela edição de colecionador vendida pela Strictly Limited Games.
Já para aqueles que adoram run and guns e sentem a falta de novos títulos do gênero, este não tem a qualidade do que a Konami ou a SNK criava, muitos menos despertar o saudosismo em quem cresceu tentando dominar os clássicos. Mesmo assim, o jogo consegue despertar aquela satisfatória sensação de colocarmos nossos reflexos a prova, sem precisarmos nos preocupar com enredo, motivações ou recompensas. É apenas o bom e velho tiroteio, temperado com uma pitada de humor e muitos orcs.